Vitamina D e a necessidade de exposição solar sem protetor

“A vitamina D é muito mais do que uma vitamina. É uma pró-hormona que intervém na regulação de mais de 200 genes que, por sua vez, interferem em muitos aspectos da saúde cardiovascular”. É desta forma que Manuel Carrageta, presidente do Instituto de Cardiologia de Almada, da Fundação Portuguesa de Cardiologia e da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia, resume a importância desta vitamina, fundamental para a regulação do sistema renina-angiotensina, coagulação e função muscular cardíaca. Por outro lado, alerta o cardiologista, a carência de vitamina D contribui para o aumento do risco cardiovascular e da trombogénese e para a ocorrência de hipertensão relacionada com a elevação da renina.

A vitamina D é sintetizada pela pele sob ação da luz do sol, sendo de seguida metabolizada para a sua forma ativa, pelo fígado e pelo rim, transformando-se na chamada 1,25-dihydroxyvitamina D.

O moderno estilo de vida nas cidades, com muitas horas diárias passadas em espaços fechados, ou seja, com pouca exposição solar, está a condicionar uma deficiente produção de vitamina D. Por outro lado, quando há verdadeira exposição ao sol é frequente o recurso a protetores solares. 

A título de exemplo, saliento que a aplicação de um protetor solar com um factor SPF 10 reduz a produção de vitamina D em 90%. Estima-se que cerca de 15 minutos diários de sol, com exposição das mãos, braços e rosto, pode produzir cerca de 1.000 UI de vitamina D, sem que essa curta exposição aumente o risco de cancro da pele. Mas lembro que em latitudes da ordem dos 38 graus, como Lisboa ou de 41 graus, como o Porto, a luz do sol tem radiação insuficiente de UVB para a síntese de vitamina D, durante o longo período entre novembro a março.

por: Dr Manuel Carrageta in Jornal Médico

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