Plano de prevenção nacional de depressões e suicídios

Começará no final do Verão

Uma comissão de psiquiatras, enfermeiros e académicos portugueses e estrangeiros vai passar a executar, a partir do final do Verão, um plano para prevenir os suicídios em Portugal, na sequência do aumento esperado de depressões devido à crise.O objetivo faz parte do Plano Nacional de Saúde Mental 2007/2016, mas a sua concretização foi acelerada devido ao aumento esperado de depressões causadas pela crise.

A comissão será liderada por Álvaro de Carvalho, diretor do Programa Nacional da Saúde Mental, da Direção Geral de Saúde, que explicou à agência Lusa que "a principal causa de suicídios é a depressão", embora Portugal tenha registado, num eurobarómetro divulgado em 2010, "um consumo médio de antidepressivos cinco vezes superior à média europeia".

Por isso e porque a crise económica levou a União Europeia e a Organização Mundial de Saúde a lançar alertas para a probabilidade de as depressões aumentarem, a prevenção passou a ser a palavra-chave, acrescentou Álvaro de Carvalho.

Um estudo da OMS/Europa, que visou perceber o impacto de crises anteriores na saúde mental, indica que "nos países de desenvolvimento médio e elevado como Portugal, as situações de suicídio têm aumentado por questões de ansiedade e depressão", afirmou o especialista.

Por outro lado, os números de mortes por suicídio em Portugal não são fiáveis, considerou.

"Há muitas dúvidas sobre os números efetivos de suicídios em Portugal", disse, explicando que "Portugal é um dos países da Europa com maior número de mortes por causas não identificadas, 1/8mas 3/8 entre 2002 e 2004, a Direção Geral de Saúde promoveu uma revisão de todas as certidões de óbito com causa não identificada e concluiu, como se esperava, que um grande número tinha a ver com suicídios".

Esta situação, segundo o especialista, deve-se a aspetos sociológicos como a tradição religiosa que é a necessidade de acionar seguros de vida, que não abrangem as mortes por suicídio.

Embora as medidas ainda não estejam definidas -- a própria comissão ainda está em processo de constituição --, Álvaro de Carvalho explica que as iniciativas de prevenção passam, nomeadamente, por sistematizar o diagnóstico e terapêutica da depressão, sobretudo a nível dos cuidados primários, e a articulação com as equipas de saúde mental e com outras entidades clinicas.

Da comissão fazem parte, entre outros, o coordenador português da Aliança Europeia contra a Depressão, Ricardo Gusmão, o psiquiatra Daniel Sampaio, o fundador da Sociedade Portuguesa de Suicidologia, Carlos Brás Saraiva, o presidente da mesma sociedade, José Carlos Santos, o diretor da delegação de Lisboa do Instituto de Medicina Legal, Jorge Costa Santos, além de Álvaro de Carvalho, como coordenador.

A comissão vai integrar ainda três académicos estrangeiros "que aceitaram fazer parte como consultores deste grupo", disse o responsável.

A coordenação será feita também em colaboração com os diretores dos 10 agrupamentos de Centros de Saúde onde o suicídio tem maior expressão, 10 coordenadores das unidades de saúde familiares piloto com elevada expressão de suicídios e os diretores dos departamentos de saúde mental dos hospitais.

O grupo incluirá ainda representantes das ordens dos Médicos, dos Psicólogos e dos Enfermeiros, da Associação de Profissionais de Serviço Social, da Associação de Medicina Geral e Familiar, dos Médicos de Saúde Pública, dos telefones SOS, e envolverá ainda associações empresariais e sindicais, agentes da autoridade, bombeiros, câmaras municipais e outras entidades com capacidade de intervenção junto da população em maior crise, como por exemplo sacerdotes.

Fonte: Sicnoticias

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