Doentes não têm cuidados específicos em casa


Fonte: DN
Mais de 80% dos 90 mil doentes com Alzheimer estão em casa, entregues à família e sem cuidados especializados. Uma sobrecarga que quem tem de cuidar deles suporta com enormes dificuldades económicas, psicológicas e operacionais. Muitos cônjuges e filhos destas 75 mil famílias são obrigados a deixar o emprego para lhes prestar apoio permanente, pois o Estado não possui equipas de apoio domiciliário nem centros especializados. Mesmo quando a resposta passa por um lar normal, a lista de utentes em espera pode chegar aos 15 mil, como afirmou na edição de ontem do DN a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS).
As denúncias são feitas pela associação Alzheimer Portugal que dá voz às dificuldades expressas pelos familiares dos doentes: medicamentos caros e não gratuitos - porque esta não é considerada doença crónica -, falta de médicos especialistas nos hospitais que acompanhem e prescrevam medicação, e falta de direitos laborais que permitam cuidar dos doentes.

"Não há dias de apoio à família específicos para estes cuidadores, só os normais. O que não serve praticamente para nada, quando se precisa de apoio a tempo inteiro", disse ao DN Ana Sofia Gomes, assistente social da associação.

Quando a demência evolui de tal forma que o doente carece de internamento, as famílias deparam-se com outro drama: os lares não têm vagas ou apresentam reticências em acolher doentes com estas características, pois não têm equipas especializadas - com neurologistas, terapeutas e psiquiatras - para os tratar. Se para um idoso normal, já é difícil encontrar vaga num lar, para estes doentes específicos não há sequer resposta. O futuro será ainda mais grave, pois se hoje há 90 mil doentes, daqui a dez anos, poderá haver 120 mil.

A rede está a ser equacionada para que haja uma resposta integrada às demências, nas quais se inclui o Alzheimer, disse ao DN a presidente da rede nacional de cuidados continuados integrados. Inês Guerreiro reconhece, contudo, que este é um processo muito lento e que os centros de dia anunciados em Maio - um por distrito - ainda não foram para o terreno.

Enviar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem