Apoio Domiciliário: Portugal tem maior peso de cuidadores informais

fonte: Lusa

Portugal tem um maior peso de cuidadores informais em relação a países como a Bélgica, Espanha e Itália, o que permite que mais de metade dos inquiridos num estudo da Deco sobre cuidados ao domicílio permaneça nas suas casas.

A associação de defesa do consumidor enviou, entre abril e junho de 2010, um questionário a uma amostra representativa das populações belga, espanhola, italiana e portuguesa com idades entre os 55 e os 79 anos. No total, foram 2.973 europeus inquiridos, 1.049 dos quais portugueses.

Segundo o estudo, que será publicado na revista Proteste de março, 82% dos entrevistados portugueses entre os 75 e os 84 anos teriam de ser internados num lar de idosos se não fosse o “apoio e carinho” dos cuidadores.

A maioria dos cuidadores informais, em Portugal, são mulheres, sobretudo filhas, mães ou cônjuges. Muitos aceitam a tarefa por falta de alternativa ou obrigação moral, mas esquecem-se de cuidar de si. Revelam ansiedade, falta de concentração, vontade frequente de chorar, revolta, cansaço, insónia, tonturas, dor no peito, falta de ar, cãibras, espasmos musculares, falta de apetite, náuseas e vómitos, descreve a Deco.

Os cuidadores lavam, passam a ferro, vão às compras, fazem companhia e transportam os idosos. “A satisfação com estes mimos é elevada, mas nem tudo são rosas. Cerca de 40% dos idosos com pouca ou nenhuma autonomia queixam-se de nunca terem recebido cuidados dos mais próximos”, refere o inquérito.

Os cuidados médicos e de enfermagem lideram as necessidades de um quarto dos entrevistados portugueses. Um número semelhante recorreu a uma empregada doméstica. Estes três tipos de apoio são os que mais agradam, com dois terços dos inquiridos a mostrarem-se satisfeitos. Os serviços de emergência médica e os centros de dia reúnem a satisfação de metade dos entrevistados.

Para 72% dos inquiridos, o recurso a ajudas teve impacto no orçamento familiar, mas consideram que “é uma despesa imprescindível”.

A maioria dos que solicitaram cuidados de saúde tem mais de 65 anos. Trata-se sobretudo de pessoas com dificuldades financeiras ou um “orçamento à medida do mês”.

Depois de pedir o serviço, seja no público ou privado, o mais frequente é consegui-lo em menos de um mês, mas houve quem esperasse o quádruplo do tempo.

Na maioria das vezes, os cuidados de enfermagem foram prestados pelo Serviço Nacional de Saúde (60%) ou por um profissional independente (16%). A assistência médica reparte os números de forma diferente: 52% para os privados, 39% para o Estado e nove por cento para as instituições particulares de solidariedade social.

Em quase metade das situações, os serviços são contínuos. Os enfermeiros deslocaram-se a casa praticamente todos os dias, enquanto nos médicos, o mais comum foi uma visita mensal ou com periodicidade ainda menor (74%).

Os profissionais de saúde são avaliados como competentes e recetivos para ouvir os problemas, com o serviço público a par dos privados.

Quase todos os doentes assistidos por um enfermeiro ou médico do SNS ficaram isentos de custos. Os que usufruíram de serviços privados também indicaram casos em que não tiveram de pagar, talvez por estarem cobertos por um seguro.

Quem teve de custear estes serviços, em metade dos casos, desembolsou pelo menos 100 euros por mês, mas houve quem referisse 500 euros mensais.

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