Conteúdos retirados parcialmente de "Ageing in Place - Estratégias para envelhecer no domicílio", dissertação de mestrado de Rita Marques -Lisboa 2018
Quando o envelhecimento não é acompanhado de qualidade de vida e saúde as pessoas são confrontadas com necessidades de cuidados e serviços. E com este problema surge o aumento das respostas de ERPI, SAD e RNCCI.
No entanto, assiste-se a um desencontro entre as necessidades das pessoas/famílias e os serviços que são prestados, que poderiam evitar a institucionalização precoce, o que vai ao encontro do envelhecimento na comunidade.
Assim, como alternativa à institucionalização precoce e/ou indesejada surge o conceito de Ageing in Place. Quer isto dizer, que as pessoas envelhecem e permanecem o maior tempo possível nas suas próprias habitações.
Quais são as estratégias que as pessoas utilizam para permanecer nas suas habitações o maior tempo possível e a forma como mobilizam os recursos que têm à sua disposição?
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2009), quanto maior for o tempo de permanência das pessoas nas suas habitações menos serão os recursos a instituições necessários. Com efeito, torna-se importante perceber as práticas promissoras que permitem às pessoas envelhecer nas suas casas, visto que este conceito é multidimensional e complexo, pois abrange, quer a situação socioeconómica, a comunidade e a dinâmica cultural em que a pessoa está inserida, o tipo de serviços e cuidados disponíveis, quer as condições da habitação (Martin, Santinha, Rito & Almeida, 2012). Essas práticas passam pela acessibilidade e manutenção dentro da própria habitação, pela comunidade, sustentabilidade, serviços e mobilidade (Porto & Rezende, 2016). Mas é de extrema importância que todas estas práticas funcionem de forma correta e em simultâneo.
Prós do Ageing in Place:
1) na própria casa existem as memórias e um maior conforto;
2) as interações com os vizinhos que se conhecem e muitas vezes também são amigos;
3) menos dispendiosa, pois à partida as pessoas já possuem a sua própria habitação, e em caso de necessitarem de ajuda podem recorrer às redes primárias de solidariedade: família, amigos e vizinhos.
Contras do Ageing in Place:
1) as habitações poderem ser inadequadas para o processo de envelhecimento;
2) o isolamento, pois muitas vezes as pessoas vivem sozinhas e as famílias não as conseguem visitar;
3) necessidades de cuidados não detetados, caso exista uma diminuição das capacidades físicas ou cognitivas, se as famílias não estiverem presentes frequentemente, as necessidades tendem a aumentar originando graves problemas de saúde, higiene e de nutrição.
Dimensões do Ageing in Place
O Ageing in Place compreende:
1) habitação
2) os serviços integrados
3) os transportes
4) bairro/comunidade em que a pessoa está envolvida
Outros dispositivos tecnológicos como sensores de quedas, de movimento e marcha; sensores de parâmetros como o ritmo cardíaco, glucose, oxigénio no sangue conectados a um call center; serviços de teleassistência; ou ainda dispensadores de comprimidos com alertas acionados caso a dose não seja removida por um período de tempo definido são facilitadores do Ageing in Place.
A dependência, restrições ambientais, e carências socioeconómicas e familiares no entanto já tem efeitos muito negativos no Ageing in Place. Para resolver este problema existem soluções que se adequam à população idosa, à rede de suporte e à comunidade em que a pessoa está inserida que facilitam o envelhecimento no local e a manutenção da independência da própria pessoa.
Essas soluções são as alternativas habitacionais para a população idosa, que se caracterizam como estruturas residenciais que permitem a privacidade, ainda que as pessoas vivam em vizinhança com outras pessoas tal como:
LIFETIME HOMES - Adaptação da casa às necessidades
O objetivo é a adequação das habitações (inglesas) às necessidades que ocorrem no ciclo da vida familiar, dando primazia à acessibilidade e ao design habitacional. Como exemplos, a entrada deve ser nivelada, as portas e os corredores devem ter a largura suficiente para a passagem de uma pessoa em cadeira de rodas, a banheira e o chuveiro devem estar lado a lado com a sanita para facilitar o deslocamento da pessoa, etc. A implementação destas e outras medidas proporciona uma diminuição nos custos posteriores com a habitação, podendo também contribuir para um menor índice de institucionalização e uma menor procura de cuidados de saúde que adviessem da inadequação da habitação.
O objetivo é a adequação das habitações (inglesas) às necessidades que ocorrem no ciclo da vida familiar, dando primazia à acessibilidade e ao design habitacional. Como exemplos, a entrada deve ser nivelada, as portas e os corredores devem ter a largura suficiente para a passagem de uma pessoa em cadeira de rodas, a banheira e o chuveiro devem estar lado a lado com a sanita para facilitar o deslocamento da pessoa, etc. A implementação destas e outras medidas proporciona uma diminuição nos custos posteriores com a habitação, podendo também contribuir para um menor índice de institucionalização e uma menor procura de cuidados de saúde que adviessem da inadequação da habitação.
Esta alternativa caracteriza-se pelo crescimento pessoal e na melhoria da qualidade de vida através da partilha mútua de recursos entre a pessoa mais velha que necessita de apoio e a pessoa mais nova que necessita de uma habitação. Quer isto dizer que consiste numa troca de interesses recíproca, uma vez que a pessoa mais velha passa a ter uma companhia, enquanto a pessoa mais nova beneficia de uma habitação gratuita, e ainda reduz os seus custos de vida adquirindo novas aprendizagens com a pessoa mais velha. Este tipo de alternativa permite a diminuição do número de pessoas institucionalizados, e permite o aumento dos contactos intergeracionais.
COHOUSING - Um exemplo em Portugal
O cohousing é outro exemplo de alternativa habitacional que consiste numa “comunidade habitacional desenhada, implementada, monitorizada e gerida pelos seus próprios membros, que pretendem aliar o espaço habitacional a um espirito comunitário e de vizinhança” A privacidade de cada membro é sempre garantida, existindo espaços comuns, como a lavandaria, a cozinha e a biblioteca.
SHELTERED
Comunidade habitacional com o objetivo de dar resposta ao aumento da preocupação em criar habitações adequadas para a população idosa. Existem zonas comuns, como nos exemplos apresentados anteriormente, mas a diferença encontra-se na existência de um monitor e de um sistema de alarme, permitindo assim um maior sentimento de segurança. Ao monitor compete-lhe as funções de integrar os novos moradores, incentivar a dinamização de atividades comunitárias, detetar possíveis necessidades e encaminhar para a resposta mais adequada, cuidando ainda das áreas comuns. Convém evidenciar que esta opção é indicada para a população independente. Caso a pessoa comece a necessitar de mais cuidados terá de recorrer a outro tipo de habitação. O Extra Care Home é uma opção para a população que necessite de apoio na realização das suas AVD, mas que permita à pessoa manter-se independente o maior tempo possível, sendo que os três princípios básicos passam pela independência, a capacitação e a participação. O Extra Care Home presta cuidados especializados e específicos, como a doentes de Alzheimer, e reúne todas as estratégias e condições que permite manter com maior facilidade as redes sociais, o estado de saúde e a qualidade de vida.
2) Serviços integrados
Em Portugal podemos considerar estas soluções
a) Cuidados integrados
b) SAD (Serviços de Apoio Domiciliários) - prestando cuidados na habitação
c) RNCCI (Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados) com unidades de Reabilitação que pretendem reabilitar e potenciar a independência, retorno do utente à sua habitação.
3. Transportes
As opções de transporte podem constituir elementos chave na promoção de um Ageing in Place, na medida em que são capazes de facilitar ou limitar a conexão da habitação com o exterior e, consequentemente, o envolvimento na comunidade. Isto porque autores como Frye (2014) identificaram que as principais barreiras à mobilidade de pessoas com deficiência e idosos incluem a falta de transportes públicos acessíveis, a atitude dos motoristas e outros funcionários. Assim, a literatura relacionada com o envelhecimento e o conceito selecionado apela ao desenvolvimento do setor, ampliando as oportunidades e as opções de mobilidade.
Na dimensão dos transportes, de acordo com a OMS (2009), é necessário compreender a 1) disponibilidade; 2) acessibilidade económica; 3) fiabilidade e frequência; 4) destinos de viagem; 5) veículos amigos das pessoas idosas; 6) serviços especializados para idosos; 7) lugares prioritários e cortesia dos passageiros; 8) motoristas de transportes públicos; 9) segurança e conforto; 10) paragens e estações de transportes; 11) táxis; 12) transporte comunitário; 13) informação; 14) condições de condução; 15) cortesia para com os condutores idosos, e o 16) estacionamento.
4) Bairro/comunidade
As comunidades e os lugares precisam adaptar-se a uma realidade cada vez mais envelhecida e diversificada, adequando-se às necessidades, desejos e exigências das pessoas que envelhecem. O lugar conquista, portanto, uma posição de destaque na promoção de um envelhecimento na comunidade através da preocupação: i) com a adaptação da pessoa ao ambiente, ao longo do processo de envelhecimento; e ii) com a adequação dos lugares às carências de um número cada vez maior de pessoas mais velhas (Dijk, 2015).
A literatura em torno da criação de lugares favoráveis ao Ageing in Place conduz-nos às iniciativas amigas das pessoas idosas (age-friendly). Ora, se o aumento da idade pode expressar limitações da funcionalidade, como a diminuição da mobilidade, compreende-se a importância das medidas que tornam os espaços públicos, bairros e edifícios age-friendly. Isto porque a mobilidade determina a capacidade de os indivíduos continuarem ligados aos recursos e serviços da comunidade. Assim, é essencial demarcar um design que apoie a mobilidade e compreender de que forma as áreas locais se podem preparar para apoiar a saúde das populações que envelhecem (Yen & Anderson, 2012 cit pot Bárrios, 2017). Além disso, a segurança e adequação dos espaços físicos podem ser determinantes para permitir/dificultar a participação (Bárrios, 2017; Frye, 2014).
De facto, já não é novidade que os ambientes acessíveis e seguros facilitam a prática de um estilo de vida saudável em todas as idades, podendo fazer a diferença entre a independência e a dependência de todas as pessoas. Contudo, são sobretudo importantes para os mais velhos em risco de isolamento social e pela maior suscetibilidade a quedas e lesões, requerendo uma exploração das características necessárias à adequação e conforto dos espaços (Bárrios, 2017; Berke et al., 2007). Com efeito, as políticas de Ageing in Place implicam uma dedicação por parte dos decisores políticos criatividade e inovação na adaptação do ambiente exterior e edifícios às pessoas, articulando os elementos da vida das pessoas mais velhas com os lugares, criando soluções integradoras da idade. A investigação do lugar na vida das pessoas mais velhas compreende questões de inclusão, equidade, na facilitação do acesso a uma ampla gama de oportunidades sociais, económicas e ambientais (Hockey, Phillips, & Walford, 2013).
A própria comunidade e serviços que integra podem ainda facilitar a conexão da habitação com o exterior, com o ambiente externo, através dos seus recursos. Os idosos mais vulneráveis dependem, assim, cada vez mais, dos recursos disponíveis no bairro para satisfazer as suas carências (Dijk, 2015). A evidência alerta-nos para perdas que as pessoas vão sofrendo ao longo da vida, bem como para a tendência de diminuição das redes sociais. Além disso, vão experimentando episódios de doença agudos e progressão de doenças crónicas, resultando em mudanças das suas necessidades. Se as necessidades vão mudando de uma forma contínua, também os serviços e recursos precisam acompanhá-las de forma eficiente (MetLife, 2013). Para tal, as comunidades precisam preparar-se para responder às necessidades dos mais velhos e frágeis, disponibilizando uma gama diversificada de serviços para todos os residentes, desenvolvendo ligações entre a gestão de cuidados, interações sociais, bem-estar (Bárrios, 2017).
Esta evolução de serviços tem de ultrapassar o fornecimento de refeições e transporte para se focar igualmente no planeamento e progresso das comunidades, com dispositivos que possibilitem aos mais isolados envelhecer nas suas casas e preservar a participação na sociedade nas diversas tipologias: cívica, recreativa, educativa, cultural, de saúde, política, religiosa, etc (Bárrios, 2017; Keyes et al., 2014; MetLife, 2013).
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