fonte: CNN Portugal
Falta de médicos de família, maior oferta dos hospitais privados e a procura por consultas e cirurgias mais rápidas. Fomos tentar perceber o que justifica que, mesmo num país em que tanto se confia no SNS, os portugueses se previnam cada vez mais com um seguro
No início do ano, mais de metade dos portugueses dizia confiar no Serviço Nacional de Saúde (SNS), de acordo com dados recolhidos pela Aximage para a CNN Portugal. Uma confiança que se mantém no positivo, mas que não impediu a continuação de uma tendência que se verifica há vários anos: cada vez mais portugueses têm seguro de saúde, precavendo-se assim da eventual necessidade de recorrer aos serviços de saúde privados.
Nos últimos dez anos, o número de pessoas com seguro de saúde (seja a título individual, seja através da entidade empregadora) em Portugal passou de 2.195.762 em 2012 para 3.155.252 em 2021, de acordo com os dados fornecidos à CNN Portugal pela Associação Portuguesa de Seguradores, que traduzem uma subida de 43%.
Subida essa que também se nota na faturação dos hospitais privados à custa dos seguros de saúde, que cresceu 87% de 2012 para 2021, totalizando, segundo os dados estimados, um valor já superior a mil milhões de euros. Isto apesar de uma quebra assinalada pelo setor durante o período da pandemia de covid-19, que ainda assim não impediu o crescimento.
Em 2014, e segundo os dados facultados à CNN Portugal, só a faturação do grupo CUF atingia os 302 milhões de euros, subindo para 433 milhões de euros em 2018, e fixando-se nos 580 milhões de euros em 2021. Para 2022, o grupo adianta que "a tendência de crescimento se mantém". Os seguros de saúde apresentam uma evolução estável no peso que têm na faturação, representando pouco mais de 50% do total de receitas do grupo CUF. As restantes receitas dividem-se entre pagamentos feitos sem seguro de saúde, ADSE ou outras parcerias.
A CNN Portugal questionou os grupos Lusíadas e Luz sobre os seus valores de faturação e a relação com os seguros de saúde, mas não obteve resposta.
O número de pessoas seguras a título individual só diminuiu de 2014 para 2015, mas, graças a outras oscilações do número de seguros de empresas, o número total também desceu entre 2017 e 2018. No entanto, a tendência é clara: aumento, aumento, aumento.