Crise aumenta prescrição de Ansiolíticos e Estabilizadores de Humor

fonte: Público

Em apenas um ano, os médicos receitaram o dobro de embalagens de ansiolíticos e mais 59% de antidepressivos e estabilizadores de humor a pessoas com mais de 65 anos.

Este aumento “espantoso” na prescrição deste tipo de medicamentos a idosos, verificado no ano passado face a 2011, é interpretado pelo psiquiatra Pedro Afonso como uma consequência da crise e um indicador indirecto de que o risco de suicídio estará a aumentar nesta população “mais fragilizada”.

“Um aumento desta magnitude só pode decorrer de um fenómeno social como o da crise”, comentou ao PÚBLICO o psiquiatra do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa.

Na população em geral, a venda de antidepressivos aumentou 7,7% no ano passado e 1,2% a de ansiolíticos. Mas o aumento foi “exponencial” na prescrição destes fármacos a maiores de 65 anos, subindo de 1.739.406 em 2011 para 3.577.838 em 2012, no caso dos ansiolíticos, e de 1.439.591 em 2011 para 2.297.880 em 2012, nos antidepressivos e estabilizadores de humor.

Pedro Afonso serve-se destes dados para chamar a atenção dos políticos e governantes para o impacto dos problemas económicos, “na vida das pessoas”, sobretudo as mais idosas.

“A mudança das expectativas para o fim de vida que estas pessoas tinham e as consequentes reduções dos valores da reforma que levaram a uma desilusão e sentimento de insegurança” são algumas das hipóteses avançadas pelo psiquiatra para justificar esta subida.

“O aumento da solidão, porque há uma grande parte da população sénior a morar sozinha”, e “o facto de muitas pessoas nesta faixa etária estarem a viver a angústia e o desespero dos filhos ou famílias que estão a passar dificuldades económicas e no desemprego” serão outras explicações para este fenómeno, acrescenta.

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