ENFERMEIROS APOIAM IDOSOS E CUIDADORES


fonte: Mundo Sénior

Apenas 6800 enfermeiros trabalham em centros de saúde. É lá que fazem um dos serviços menos visíveis e mais próximos dos doentes. O JN relata histórias de enfermeiros ao domicílio que são psicólogos, assistentes sociais, podólogos, amigos e muito mais. "Somos um pouco de tudo. Até já servi de electricista para ajudar a ligar uns cabos. A parte de enfermagem é muito importante, sem dúvida, mas a componente humana é que faz a diferença", considera Paulo Cunha, 33 anos, 12 de enfermagem, os últimos quatro nos cuidados de saúde primários. Actualmente colocado na Unidade de Saúde Familiar (USF) de Villa Longa, Vialonga (Vila Franca de Xira), onde está a ser criada uma Unidade de Cuidados à Comunidade, está afecto à visitação domiciliária. Num dia normal de trabalho, faz entre 22 e 28 visitas a doentes com os mais diversos problemas.

"Cerca de 90% dos nossos utentes têm mais de 65 anos e as complicações associadas à idade: úlceras varicosas, ou seja, feridas devido a má circulação, e pés diabéticos, mas também existem muitos acamados e dependentes." O grande número de casos que tem para atender é a maior dificuldade com que este enfermeiro se depara: "Gosto de dar toda a minha disponibilidade às pessoas, conversar com elas, saber como vai a vida, porque tudo influencia o estado de saúde, e com este volume de trabalho, é difícil". De Vila Franca de Xira para Chaves, muda o cenário, rareia a população, multiplicam-se as distâncias. No Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Alto Tâmega e Barroso - que abrange sete centros de saúde de seis concelhos -, os 110 mil utentes dispersam-se por quase 3.000 quilómetros quadrados. Se no Interior os idosos estão sós devido às migrações, no Litoral, a solidão tem causas diversas, mas resultados idênticos. "Quando o doente está em casa, recupera muito melhor.

Tenho utentes que melhoram quando os filhos estão de férias e passam mais tempo com eles. A minha prioridade é reabilitar o mais possível e treinar os cuidadores para que o doente fique em casa", explica António Fernandes, enfermeiro da USF de Santa Clara, Vila do Conde. "No domicílio, criam-se laços afectivos que não se fazem no hospital. Somos o amigo a quem podem recorrer quando têm problemas, não só de saúde, mas de todo o género. Os idosos estão cada vez mais sozinhos e desprotegidos", conta o Enfermeiro Bruno Azevedo, da USF de S. Simão da Junqueira, em Vila do Conde.

"Sabem quando vamos e estão à nossa espera para conversar um bocadinho. Somos um pouco psicólogos, tanto dos doentes como das famílias", acrescenta este profissional, que faz as visitas de táxi porque a USF não tem meios para comprar mais uma viatura. Um dos pontos mais importantes para João Pereira é apoiar as famílias. "É fundamental que os cuidadores sintam que não estão sozinhos. O meu lema é chegar sempre com um sorriso e, ao despedir-me, ver sempre um sorriso na cara de quem fica."

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